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quarta-feira, março 04, 2009

Há oito anos era domingo. Era ainda uma estudante universitária de jornalismo. Recordo-me de estar a ver televisão e, de repente, a emissão da RTP1 ser interrompida porque a ponte Hintze Ribeiro, em Castelo de Paiva, tinha caido e com ela tinha desaparecido nas águas do Douro um autocarro e três viaturas ligeiras. Morreram 59 pessoas. Só 23 cadáveres foram recuperados.
Um ano depois da tragédia que marcou o País, mas que acima de tudo deixou marcas profundas nas gentes de Castelo de Paiva, já era uma profissional da Comunicação Social. Já a trabalhar em Aveiro, fui destacada para ir acompanhar as comemorações do primeiro aniversário. Conheci as famílias, privei com muitas delas e assisti a momentos que, como jornalista e como pessoa, me marcaram até hoje. Impossível esquecer os olhares perdidos nas águas do Douro. Impossível esquecer as flores atiradas ao rio. Impossível esquecer o sofrimento e a tristeza daquelas famílias.
Neste caso, arrisco dizer que a culpa morreu solteira. Fica só o desespero e o sofrimento das gentes de Castelo de Paiva que tiveram, à força, de continuar as suas vidas. Na minha curta existência enquanto jornalista já fiz "1001" trabalhos diferentes. Este, e porque o fiz pelo menos três anos consecutivos, marcou-me. As muitas viagens que fiz de Aveiro a Castelo de Paiva por uma estrada tortuosa, cheia de buracos. As tardes passadas de casa em casa a recolher opiniões que nunca eram muito diferentes. O conforto que, com a devida distância profissional, tentámos, tantas vezes, dar a estas pessoas. Raiva, Sardoura, Castelo de Paiva são nomes de terras que fiquei a conhecer. Lembro-me da inauguração da nova ponte. Fi-la de um lado ao outro, a pé. Seguia atrás de toda a "pompa e circunstância" com que foi inaugurada.
Hoje, oito anos depois, 4 de Março é uma quarta-feira.

posted by covinhas @ 12:45 da tarde