quarta-feira, outubro 14, 2009 |
Desabfos...parte II |
Ontem, no programa dos Gato Fedorento, o convidado (Nuno Melo, do CDS) disse uma coisa que me chocou e me fez dar razão (ou grande parte da razão) às críticas que o CDS faz em relação do Rendimento Social de Inserção. Contava Nuno Melo que durante uma acção de campanha um senhor lhe disse que não votava nele porque queriam acabar com o RSI e que ele, graças a isso, ganhava 800 euros por mês. Parece, também, que uma jornalista que acompanhava o CDS nas acções de campanha lhe disse que ganhava menos que esse senhor que recebe o RSI e que sobre esse "menos" ainda era obrigada a fazer descontos. Não sei quem é essa colega, mas estou muito solidária com ela. Também eu faço descontos sobre um valor inferior ao que muitos ganham de RSI. É injusto. Não digo que todos são casos de "abuso" do dito subsídio, mas há muitos que são e mancham o princípio para que este apoio foi criado. Receber 800 euros para estar em casa sem fazer nada...é muito, ou deve ser, muito agradável. Sim, estou revoltada. |
posted by covinhas @ 1:58 da tarde |
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1 Comments: |
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Bem, vou fazer os possíveis para demonstrar como o seu desabafo é injusto para os beneficiários do RSI. O facto de uma colega jornalista ganhar mal, muito mal, acho que deve a sensibilizar como a qualquer outra pessoa que não seja da mesma classe profissional. Mas o que Nuno Melo faz, tão bem quanto o seu líder, é desviar as atenções das grandes negociatas e conseguir fazer com que os menos têm lutem entre si para ver quem menos deve ter. E fazem-no, sem margem para dúvidas, recorrendo à desinformação, que é actualmente uma forma sofisticada de mentir que consiste em ocultar parte de uma realidade.
Se ler esta notícia ficará a saber que, em média, uma família cujo agregado familiar inclui filhos é de "360,57 euros, descendo para 211,21 euros nas famílias monoparentais".
Ou seja, para aquele indivíduo ter um RSI de 800 euros é preciso ter em conta que provavelmente o agregado familiar o justificava e provavelmente até se justificava ter muito mais. Ou seja, no fim, o indivíduo em causa até poderia ter uma vida ainda mais miserável que a Jornalista, porque, como pode ler, o rendimento das familias é em função do agregado familiar. Apesar de tudo isso, o ordenado que a jornalista aufere é inaceitável mas não é combatendo o RSI que se arranjam os problemas sociais...
Acrescento também que a proposta do CDS era um corte cego no RSI, ou seja, penalizava indiscriminadamente os beneficiários, quer fossem ou não fraudulentos. Mais, os beneficiários do RSI são dos poucos cidadãos cujo sigilo bancário é quebrado para averiguar a sua condição social.
"A oposição de esquerda no Parlamento criticou a proposta do Governo relacionada com a derrogação do sigilo bancário por exigir a informação bancária a quem beneficia do Rendimento Social de Inserção (RSI) ou o Complemento Solidário para Idosos (CSI), mas limitar o acesso do Fisco a outro tipo de apoios públicos."
Mais... "40 por cento das pessoas abrangidas pela prestação eram crianças e jovens com até 18 anos"
"30 por cento tinham outros rendimentos (pensões, salários, subsídios...) para além deste apoio do Estado, que só é atribuído a quem declara rendimentos mensais per capita muito baixos"
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Bem, vou fazer os possíveis para demonstrar como o seu desabafo é injusto para os beneficiários do RSI.
O facto de uma colega jornalista ganhar mal, muito mal, acho que deve a sensibilizar como a qualquer outra pessoa que não seja da mesma classe profissional. Mas o que Nuno Melo faz, tão bem quanto o seu líder, é desviar as atenções das grandes negociatas e conseguir fazer com que os menos têm lutem entre si para ver quem menos deve ter. E fazem-no, sem margem para dúvidas, recorrendo à desinformação, que é actualmente uma forma sofisticada de mentir que consiste em ocultar parte de uma realidade.
Se ler esta notícia ficará a saber que, em média, uma família cujo agregado familiar inclui filhos é de "360,57 euros, descendo para 211,21 euros nas famílias monoparentais".
Ou seja, para aquele indivíduo ter um RSI de 800 euros é preciso ter em conta que provavelmente o agregado familiar o justificava e provavelmente até se justificava ter muito mais. Ou seja, no fim, o indivíduo em causa até poderia ter uma vida ainda mais miserável que a Jornalista, porque, como pode ler, o rendimento das familias é em função do agregado familiar.
Apesar de tudo isso, o ordenado que a jornalista aufere é inaceitável mas não é combatendo o RSI que se arranjam os problemas sociais...
Acrescento também que a proposta do CDS era um corte cego no RSI, ou seja, penalizava indiscriminadamente os beneficiários, quer fossem ou não fraudulentos. Mais, os beneficiários do RSI são dos poucos cidadãos cujo sigilo bancário é quebrado para averiguar a sua condição social.
"A oposição de esquerda no Parlamento criticou a proposta do Governo relacionada com a derrogação do sigilo bancário por exigir a informação bancária a quem beneficia do Rendimento Social de Inserção (RSI) ou o Complemento Solidário para Idosos (CSI), mas limitar o acesso do Fisco a outro tipo de apoios públicos."
Mais...
"40 por cento das pessoas abrangidas pela prestação eram crianças e jovens com até 18 anos"
"30 por cento tinham outros rendimentos (pensões, salários, subsídios...) para além deste apoio do Estado, que só é atribuído a quem declara rendimentos mensais per capita muito baixos"